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EDUCAÇÃO LITERÁRIA: ler livros para aprender a ler o mundo
Quem me conhece sabe que a #literatura é a causa da minha vida. E também um dos assuntos sobre os quais mais gosto de falar. Então, não poderia ser diferente: gosto de falar sobre livros, leituras, escritores, leitores, professores e mediadores de leitura, alunos leitores, editores, divulgadores, vendedores de livros. Para mim, é fundamental conversar sobre o mundo da leitura e suas histórias, suas experiências, seus personagens.

Tudo isso faz parte de uma área da educação que pouca gente conhece ou ouviu falar, mas que eu acho que é fundamental para nos ajudar a entender – e a ler, é claro! – o mundo em que vivemos: a EDUCAÇÃO LITERÁRIA. A primeira vez que ouvi falar disso foi pelo educador espanhol Carlos Lomas. Ele é um especialista nas teorias e práticas linguísticas e literárias do ensino secundário na Espanha e é responsável pela formação de professores do Centro de Professorado e de Recursos de Gijón. É alguém que entende bastante como funciona na prática o trabalho com a leitura na escola.
Segundo Lomas,
a Educação Literária cuida da aquisição dos hábitos de leitura e de análise dos textos, do desenvolvimento das competências leitoras, do conhecimento das obras e dos autores mais significativos da história da literatura mundial e também, de estimular a escrita com intenção literária.
Não é pouca coisa. E, por isso mesmo, é fundamental. E não só como ensino obrigatório na escola, mas também como tema presente na família. A Educação Literária envolve muitos atores, mas, inegavelmente, começa em casa e se aprofunda na escola.
Lomas também afirma que
ao aprender a ler, a entender e a escrever, (as crianças) aprendem a orientar o pensamento e a construir nesse processo um conhecimento compartilhado e comunicável do mundo.
E ele mesmo cita um jornalista e escritor espanhol, Juan José Millas, para tornar mais clara a ideia de como a Educação Literária é importante:
Não se escreve para ser escritor nem se lê para ser leitor. As pessoas escrevem e leem para compreender o mundo. Ninguém, então, deveria sair para a vida sem ter adquirido essas habilidades básicas.
Nesse sentido, é inevitável traçar um paralelo com a famosa frase do nosso educador maior, Paulo Freire, sobre a relação da leitura de textos com a leitura do mundo:
A leitura do mundo sempre precede a leitura da palavra. Esse movimento do mundo para a palavra e da palavra para o mundo está sempre presente. Movimento pelo qual a palavra dita flui do próprio mundo por meio da leitura que dele fazemos.
Tudo isso pra dizer que a leitura é, sim, algo fundamental para todo ser humano, como afirma brilhantemente o professor e crítico literário Harold Bloom, em sua obra “Como e Por Que Ler”:
Uma das funções da leitura é nos preparar para uma transformação, e a transformação final tem caráter universal (…). Lemos não apenas porque, na vida real, jamais conheceremos tantas pessoas como através da leitura, mas, também, porque as amizades são frágeis… (…) a literatura alivia a solidão.
A literatura sempre transformou o mundo. Isso porque ela transforma as pessoas. Fica aqui o meu convite para que, juntos, façamos boas leituras, assim, estaremos sempre bem acompanhados! Vamos lá?
JANUÁRIA CRISTINA ALVESibi
Mestre em Comunicação Social pela ECA/USP, jornalista, educomunicadora, autora de mais de 50 livros infantojuvenis, duas vezes vencedora do Prêmio Jabuti de Literatura Brasileira. É consultora de projetos de Educação e Comunicação para empresas e instituições educacionais e realiza palestras e oficinas para educadores, crianças e jovens, sobre Educação Literária, Alfabetização Midiática e Informacional e Storytelling.
Para saber mais acesse: www.entrepalavras.com.br